domingo, 9 de setembro de 2007

Alma Nua -




Oh Pai

Não deixes que façam de mim


O que da pedra tu fizestes


E que a fria luz da razão


Não cale o azul da aura que me
vestes

Dá-me leveza nas mãos


Faze de mim um nobre domador


Laçando acordes e versos


Dispersos no tempo


Pro templo do amor


E se eu tiver que ficar nu


Hei de envolver-me em pura poesia


E dela farei minha casa, minha

asa

Loucura de cada dia


Dá-me o silencio da noite


Pra ouvir o sapo namorar a lua


Dá-me direito ao acoite


Ao ócio, ao cio


A vadiagem pela rua


Deixa-me perder a hora


Pra ter tempo de encontrar a

rima

Ver o mundo de dentro pra fora


E a beleza que aflora de baixo pra cima


Oh meu Pai, dá-me o direito


De dizer coisas sem sentido


De não ter que ser perfeito


Pretérito, sujeito, artigo definido


De me apaixonar todo dia


De ser mais jovem que meu filho


De ir aprendendo com ele


A magia de nunca perder o

brilho

Virar os dados do destino


De me contradizer, de não ter

meta

Me reinventar, ser meu próprio deus


Viver menino, morrer poeta

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